quarta-feira, janeiro 31, 2007

Strange Days

Acordar às 7 da manhã depois de dois dias de cama...
Qualquer coisa no estômago e uma quantidade estúpida de comprimidos e xarope... quarto dia consecutivo... de repente, a sensação que aquela não é a minha escova de dentes, a minha roupa... demorei quase duas horas a sair de casa. O carro não era o meu e parecia ser a única coisa que batia certo por aqui. De volta ao trabalho. "Como está?"; "Está melhor?". Quem é esta gente? Como é que sabem que eu estive pior para perguntarem se melhorei? Depois percebi. Atitudes estranhas para com pessoas de faces familiares. O longo tempo que a percepção demorou a percorrer o seu caminho habitual deve-se a tudo isto estar desprovido de qualquer sensação de incompreensão. Cheguei. Finalmente. Strange days make people seem wicked... Strange days have found us.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Ai!

É esta coisa que me faz estar de cama há dois dias...
E por mais substâncias que meta, parece resistir a tudo.
Ai!

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Cheiro a mofo

A sensação olfactiva que nos atravessa quando descobrimos aquela camisola de lã, feita pela avó, no fundo do armário. Deixámos de a ver porque a indumentária recente foi sobrepondo esta na gaveta. Deixámos de a ver e portanto, esquecemos que existia. Deixou de fazer-nos falta, mesmo nos dias com temperaturas indecentemente frias. E quando a encontramos, mesmo que seja nos tais dias de Inverno rigoroso, já não a usamos. Não a queremos usar. E seguem-se os argumentos: mesmo que seja lavada várias vezes, cheirará sempre a mofo; as cores já não combinam com as actuais tendências; o padrão já não se usa em lado nenhum; a lã passa a picar de modo insuportável. E o cheiro a passado não desaparece. A camisola volta para o fundo da gaveta e, tal como na ordem natural das coisas, o presente sobrepõe-se. Definitivamente, somos todos animais de hábitos.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Verdades populares

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Peça de teatro

Começar por ser a protagonista e acabar em figurante apenas numa cena acessória.
E a hora de almoço pelo meio.

Estados de espírito

Descobrir, muito perto dos trinta, que o Pai Natal não existe.

Late Night

Sair tarde do escritório. Usual. Um hábito, pode mesmo dizer-se. O mesmo ritual de sempre: shut down, casaco, luzes, porta, elevador, rua. Até à paragem do autocarro, sinto que estou num dormitório à céu aberto - bancos de jardim, vãos de escada e passeios servem de beliches. Alguém sentado no chão aguarda uma ambulância rodeado de pessoas. Alguém jaz morto, da bebedeira, junto a uma árvore. Um cego espera que alguém lhe diga que autocarro é aquele. 10 minutos de espera. Perante tudo isto, elaboro sobre o dia difícil que termina e, inevitavelmente, dada a hora tardia, um pensamento de cor neutra ocorre: "existem vidas piores". Finalmente chega o 9. A caminho de casa canto, para dentro, como quem diz uma oração e pede misericórdia: "don’t know where I’m going; don’t know where it’s flowing; but I know it’s finding you..."

domingo, janeiro 21, 2007

Recomenda-se

"Jazz is a white term used to define black people. My music is Black Classical Music."
"You can see colors through music... Anything human can be felt through music, which means there is no limit to the creating that can be done... it's infinite."
Eunice Kathleen Waymon, mais conhecida por Nina Simone

quarta-feira, janeiro 17, 2007

All I'm askin' is for a little respect

Analogias de mim II

Hoje quero estar assim...

Estados alterados

Alguns dias, como hoje, exigem de nós uma mutação quase genética em escassas horas... Acho que algo parecido com isto já ajudava...

Analogias de mim

Sacos de pancada, 3 tamanhos diferentes... Façam o favor de escolher!

terça-feira, janeiro 16, 2007

9h05m

Loja do cidadão. O último sítio onde quero estar, especialmente de manhã... O barulho do mecanismo electrónico que dita o número do "contemplado" após horas de espera. Um calor sujo típico destes sítios. O ambiente estranho que se observa. Gente feia, bizarra, que tresanda. Mas sendo cidadão trabalhador é preciso estar inscrito na Segurança Social (a propósito, a minha senha é a 743) e saber que a Direcção Geral de Impostos situa-se no 1º piso, à esquerda.
Pagava para alguém se fazer passar por mim e falsificar a minha assinatura. Pagava. Pagava muito.
E os cheiros... odores humanos estranhos a narizes asseados... caril, muamba, feijoada à brasileira, arroz chow-chow... Pagava. Pagava muito.
O ar típico das senhoras que ocupam a cadeira por detrás dos guichês, o discurso ensaiado de termos técnicos que nem elas próprias ousam perceber. Pagava. Pagava muito.
E o cheiro... nauseabundo...

Frases Matinais

Tudo o que é matinal é, já em si, relacionado com algum sacrífico, quase religioso, que me é imposto. Os despertadores, cujo som mais estridente é o único capaz de me tirar da cama. O ritual do pequeno-almoço... monótono até para os senhores de hábito(s). O formato dos programas televisivos, repetido canal após canal, e a palavra "matinal" sempre no genérico. Até o leite com o mesmo nome implica a desagradável sensação de beber o melhor alimento do mundo, acto para mim impensável, até na minha rotina. Hoje, enquanto emergia a dúvida da chegada do 9, ouvia uma música... a selecção da banda sonora feita por outro ser que habita o meu corpo pelas manhãs. E uma frase ouve-se um pouco mais alto na música (acho que foi aí que comecei a acordar): «she only comes when she's on top».
Bom dia.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Breath In Breath Out

Verdades absolutas

"Qualquer um pode zangar-se - isto é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa - não é fácil." Aristóteles A propósito desta frase, surgiu o comentário «isso pode ser aplicado a quase tudo na vida: amor, amizade, trabalho, sexo, bebida, etc». Será isso o importante? Não é a base onde tem aplicação mas o grau de discernimento necessário num ambiente conflituoso... essa é a discussão. É quase uma capacidade adquirida apenas pelas mentes de maior alcance... Nunca conseguirá encontrar-se em alguém toldado pela realidade enviesada.

Imposições

“É sempre bom acabar com uma pessoa quando ela gostava de te ver outra vez, pois hás-de passar inevitavelmente por uma altura em que vais deixá-la porque já não te quer ver mais.” Irvine Welsh

O impossível e por isso provável...

A propósito de Zeca Afonso, Sérgio Godinho dizia:
"Abriu janelas onde nem paredes existiam."
A melhor definição para as exigências que me foram impostas neste início de ano.
O pior é que eu preciso de luz natural...

sábado, janeiro 13, 2007

Escritas passadas... diferentes contextos

A Bolha Constante «Viver numa bolha rodeada pelo restante mundo... até às 6 da tarde...» Quase tão impossível como não permitir que o tempo avance ou o espaço se movimente. Quase tão impossível como a não vitimização por todas aquelas coisas que gostamos de ver reforçadas. Quase tão impossível como conseguir respirar agora. Tão possível que merece o estatuto de patológico e por isso improvável. Talvez procure um espinho... ou deixe que o oxigénio escasseie.

Tentativas para um regresso à Terra

O sol ensina o único caminho a voz da memória irrompe lodosa ainda não partimos e já tudo esquecemos caminhamos envoltos num alvéolo de ouro fosforescente os corpos diluem-se na delicada pele das pedras falamos rios deste regresso e pelas margens ressoam passos os poços onde nos debruçamos aproximam-se perigosamente da ausência e da sede procuramos os rostos na água conseguimos não esquecer a fome que nos isolou de oásis em oásis hoje é o sangue branco das cobras que perpetua o lugar o peso de súbitas cassiopeias nos olhos quando o veludo da noite vem roer a pouco e pouco a planície caminhamos ainda sabemos que deixou de haver tempo para nos olharmos a fuga só é possível dentro dos fragmentados corpos e um dia......quem sabe? chegaremos Al Berto

domingo, janeiro 07, 2007

Murder

And you did your best but

As I live and breathe

You have killed me

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Ansiedade de separação II

Na fase final, a criança já chora por chorar... já chora porque o desconhecido da prima afastada não está por perto.

The only mistake

Achar que a presunção é a nossa melhor qualidade e que, por isso, deve estar reflectida em todos os nossos comportamentos... achar também que os outros são da mesma opinião.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

A vontade de estar próximo de alguém ou de atrair a sua atenção, ainda que tenha a obrigatoriedade de ser contrariada, conduz, quase sempre, a um desencantamento incompatível com a mera relação social. É que já não se respeita o que é expressamente proibido e obrigatório e cada vez mais perde-se a noção do ridículo. Depois a culpa é da sociedade moderna actual que não permite as circunstâncias ideiais para a promoção do relacionamento interpessoal.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

2007 - O ano do porco

Alguém me disse nas primeiras horas do ano "este é que vai ser o ano; 2007 é que vai ser"... Toldada pelo whisky que ingeria há largas horas, quis acreditar que o novo ano no qual tinha acabado de entrar poderia, de facto, vir a ser o palco de grandes, ousadas e corajosas transformações... e acreditei até... acreditei um pouco menos lá para a madrugada...ok, ia deixando de acreditar ao mesmo tempo que o copo que a minha mão segurava fazia, cada vez menos vezes, o caminho em direcção aos meus lábios... muitas horas depois... Quis acreditar que 2007 me traria mais confiança, mais segurança, mais momentos felizes e motivantes, menos confusão mental e emocional, mais clarividência... Ok, acreditei durante umas horas... Ok, tenho esperança de tornar a acreditar na próxima histeria e psicose alcoólicas... sou crente nas coisas impossíveis que ambiciono... felicidades relativas, tipo catalisadores de reacções, momentos, acções, ponderações e, mesmo decisões importantes... ou bebo em demasia... 2007 vai, de certeza absoluta, ser um ano diferente de todos os 20 e muitos que passei e todos os 30 e tal que espero viver... crenças na sua pequenez própria... mas as minhas crenças continuam a residir em impossibilidades... Ainda assim, outro ano para viver... algures por aí, desorientada momentaneamente ou com a rosa dos ventos na mão.

Primeira imagem de 2007

Última imagem de 2006