quinta-feira, janeiro 25, 2007

Cheiro a mofo

A sensação olfactiva que nos atravessa quando descobrimos aquela camisola de lã, feita pela avó, no fundo do armário. Deixámos de a ver porque a indumentária recente foi sobrepondo esta na gaveta. Deixámos de a ver e portanto, esquecemos que existia. Deixou de fazer-nos falta, mesmo nos dias com temperaturas indecentemente frias. E quando a encontramos, mesmo que seja nos tais dias de Inverno rigoroso, já não a usamos. Não a queremos usar. E seguem-se os argumentos: mesmo que seja lavada várias vezes, cheirará sempre a mofo; as cores já não combinam com as actuais tendências; o padrão já não se usa em lado nenhum; a lã passa a picar de modo insuportável. E o cheiro a passado não desaparece. A camisola volta para o fundo da gaveta e, tal como na ordem natural das coisas, o presente sobrepõe-se. Definitivamente, somos todos animais de hábitos.

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