Afundar-me-ia aqui. Memórias, baús, vidas passadas de tão longe que as situamos. A capacidade de regeneração permite suicídios diversos aos quais sucedem renascimentos... forçados normalmente pelo esforço, nosso ou dos outros, que a seu devido tempo se admira. Mundos a tempos descompassados que, não raras vezes, andam à deriva por entre vidas que trespassam pessoas. A sensação de planar junto de um qualquer tecto, de um qualquer espaço onde as personagens encarnam papéis sempre surpreendentes pela qualidade oratória da performance. Planar na transparência que agora caracteriza os limites de cimento, que a civilização há muito impôs, na ilusão de abreviar comportamentos, personalidades e personificações. Algures num estado latente, infernal e até libidinoso pela forma como a persuasão se desenrola, espelham-se vontades deprimentes pela falta de motor mas nunca de vontade. Coordenadas numa vontade desesperada de ser pertença de alguém perfeitamente reclamada e patenteada procuram-se... aqui, perto, familiar oscilam com espaços a três dimensões que a ilusão tão bem elaborou. Só pode realmente existir mas a memória visual não reteve. A justificação sempre pronta, argumentada e cheia de pormenores, que serve de colchão às descidas acidentais permitidas por alguma distracção e cansaço. Afundar-me-ia aqui... com água pelo joelho, de óculos e tubo ou de botija. A água é turva e o tecto confunde-se com o fundo cada vez mais próximo... a pouco luz não chega para perceber a saída onde o ar poderá substituir a água que entrou nos pulmões por acaso. Afundar-me-ia por aqui com a certeza que seria a única pessoa a fazê-lo voluntariamente após todas as contemplações e com todas as malas da bagagem. As tendências suicidas ficam totalmente de parte para o descanso de todos. E as analogias ficam-nos tão bem.
quarta-feira, agosto 29, 2007
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