sábado, março 24, 2007

Simbologismos Freudianos

Adormecer exausta depois de mais um dia. Cair para o lado e deixar de sentir o corpo. A transferência necessária do sofá para a cama. Quarto escuro, edredon até às orelhas, almofada baixa, sono REM. Começa então uma curta metragem sem sentido aparente. Numa sala qualquer de qualquer sítio, terra ou país, uma pessoa de faces estranhas, de cabelos compridos, escuros, de peso acima da média e na casa dos trinta aparece com algo nos braços que me entrega. Esta estranha era-me familiar na cena. O que trazia nos braços era um ser vivo. Não era um animal nem mesmo humano. Nunca conseguirei descrever. Sei, pelo cuidado com que lhe peguei, que me era querido e importante e respirava. Ao afastar-me para uma outra sala, observada pela estranha, ao passar o limite da porta, o que era vivo morreu e ficou-se nos meus braços. A mulher estranha soltou uma gargalhada. Aflita (entretanto, desfazendo toda a cama que me acolhia neste devaneio), corri para lhe devolver o que me tinha emprestado. Calmamente, a mulher pegou no ser que renascia instantaneamente no seu colo e lançou-me um dos sorrisos mais ternos e por isso mais assustadores que encontrei em sonhos. Acordei com medo. Acendi a luz porque estava demasiado escuro. Confirmei se mais ninguém estava no quarto. Parecia-me cheio de gente. Acalmei. Fiz a cama de novo com outros lençois e outro edredon como quem muda um cenário. Apaguei a luz e desde então durmo sem almofada e de porta entreaberta.

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