Chegar a uma casa outrora nossa... ainda é nossa mas está em segundo plano. Esquece-se o jeito da porta. Esquecem-se os cheiros dantes familiares. Tudo parece desorganizado, sujo. Entrar no nosso espaço dentro do espaço alheio. O sentido perdeu-se. Chegar, dormir... a cama, a única peça imprescindível... acordar e sair. A rotina repete-se à noite. Nada disto tem o sentimento de perda. Tens sim a conotação de evolução. O tal move on. A vida desenvolve-se agora noutro espaço em que não somos só nós. O indivíduo relacional chega e um qualquer regime transitório permanece ainda em vigor. Sinal de conquista? Ainda não. De mudança? Transitória sim mas por enquanto vitalícia. Arrumam-se os bilhetes dos concertos onde estivemos, as fotografias da parede e o computador, tão usado em noitadas, que fez o seu último shut down há já algum tempo. O correio é cada vez menos e com mais publicidade. Os vizinhos cada vez mais estranhos. Manter ainda o distante acenar ao senhor do café em frente. Perceber que, de todos os lugares por onde se passe, existem uns que vão ter sempre o nosso prego na parede. Ou então, fazemos uma cópia da chave e um dia qualquer regressamos para deixar apenas o buraco. Normalmente aquele que a nossa competência para a bricolage fez cair metade da parede. Mas nestes paradigmas de incompetência, até quase emocional, nada como espetar outro prego ainda maior. Talvez não caia ou denuncie a nossa presença.
domingo, março 18, 2007
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