quarta-feira, novembro 29, 2006
domingo, novembro 26, 2006
Como de súbito na vida
Como de súbito na vida tudo cansa!
e cansa-nos a vida e nos cansamos dela,
ou ela é quem se cansa de nós mesmos,
na teima de existir e desejar?
Porque, neste cansaço, não o que não tivemos,
ou que perdemos, ou nos foi negado,
o que de que se cansa, mas também
o quanto temos, nos ama, se nos dá
até os simples gozos de estar vivo.
Um dia é como se uma corda se quebrara,
ou como se acabara de gastar-se,
que nos prendia a tudo e tudo a nós.
Não é que as coisas percam importância,
as pessoas se afastem, se recusem,
ou nós nos recusemos. Não. É mais
ou menos que isto - se deseja igual
ao como até há pouco desejávamos.
É talvez mais. Mas sem valor algum.
O dia é noite, a noite é dia, a luz
se apaga ou se derrama sobre as coisas
mas elas deixam de ter forma e cor,
ou se sumir no espaço como forma oculta.
E o que sentimos é pior que quanto
dantes sentíamos nas horas ásperas
da fúria de não ter ou de ter tido.
Porque se sente o não sentir. Um tédio
Não como o tédio antigo. Nem vazio.
O não sentir. Que cansa como nada.
Até dizê-lo cansa. É inútil. Cansa.
Jorge de Sena
sábado, novembro 25, 2006
quarta-feira, novembro 22, 2006
sexta-feira, novembro 17, 2006
Citação
Qualquer coisa do género...
«É preferível mandar uma fruta para o lixo do que vê-la apodrecer nas nossas mãos.»
Acrescento: Sou muito sensível a cheiros desagradáveis.
sábado, novembro 11, 2006
Incinerate
I ripped your heart out from your chest
Replaced it with a grenade blast
Incinerate
Fire fighters hose me down
I don't care I'll burn out anyhow
Its 4 alarm girl nothing to see
Hear the sirens come for me
You dosed my soul with gasoline
You flicked a match into my brain
Incinerate
The fire fighters are so nice
I remember you so cold as ice
Now flames are licking at yr feet
Sirens come to put me out of misery
You wave yr torch into my eyes
Flamethrower lover burning mind
Incinerate
Pós Chico Buarque...
apetece cantarolar...
por exemplo, isto:
Sempre
Eu te contemplava sempre
Feito um gato aos pés da dona
Mesmo em sonho estive atento
Para poder lembrar-te sempre
Como olhando o firmamento
Vejo estrelas que já foram
Noite afora para sempre
O teu corpo em movimento
Os teus lábios em flagrante
O teu riso e teu silêncio
Serão meus ainda e sempre
Dura a vida alguns instantes
Porém mais do que bastantes
Quando cada instante é sempre
Sempre
(Chico Buarque/2006)
quarta-feira, novembro 08, 2006
Desilusões
Aquelas que insistem em ser exibidas como algo esteticamente coerente...
As que encontram outro nível de compreensão mais profundo e denso...
Aquelas que existem mas são segredo...
As que caçam num qualquer beco e esmagam contra a parede...
O corpo estremece; acorda-se encharcado em suor e a confusão mental perdura...
Mas não era de propósito... o beco já lá estava... e a parede também.
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